Era chamado de ateu - eu me considerava "à toa", não ateu - porque não queria saber de nada. Mas eu queria saber de Deus, mas ninguém tinha como me apresentar a ele. Chegava no padre: "Me apresenta Deus." "Ah, Deus está ali..." Era coisa muito intelectual e eu não gostava. Chegava num espírita: "Onde está Deus?" "Deus é amor". "Sim, mas eu não amo ainda." Chegava num budista: "Ah, Deus, você vai compreender quando alcançar o Nirvana e estiver num estado de perfeição e de equilíbrio." Mas e a motivação para alcançar o estado? Aí é que está. Eles falavam assim: "Olhe, respeita as leis, desenvolve o eu superior."
Mas e a motivação? Aqui, na vida, querendo ou não, a gente só funciona com motivação. Se você não tem algo que tenha interesse em ir adiante, você não vai adiante. Fica empacado ali, igual a uma mula. Só naquilo que está mais conveniente. E, aí, felizmente, ao invés de eu conseguir ir até Deus, ele veio até mim. E, numa voz sem som, pela primeira vez ele falou comigo: "Eu sempre estive com você, falando com você, transmitindo a vida para você. Mas você nunca me ouvia. Agora que você me ouve e me atende, vou guiar seus passos, até que, um dia, sejamos um." Eu estou sonhando com esse dia em que sejamos um. Por enquanto, eu só fico ouvindo.
A menor parte, eu cumpro. A maior, ainda não consigo, porque é coisa demais. Deus, a essência do eu superior - aqui, o Sol, que representa acima de nós, mas também pode ficar em nós - tem, não diria uma rigidez, mas ele cumpre as leis absolutamente e fica irradiando a consciência das leis da vida para nós. A partir desse contato, eu ia trabalhar.
No trabalho, eu prestava serviços. A pessoa que me contratava para um serviço eu observava: "Ah, eu posso cobrar tanto, porque a pessoa parece que pode pagar. Então, vou cobrar mais." Aí, o eu superior dizia: "Não está sendo justo com a pessoa. Você tem que cobrar só aquilo que é justo." "Ah, não. Mas olha, ele parece que pode pagar..." "Não. A questão não é se ela pode pagar ou não. A questão é que o justo não é flexível.
Então, seja justo." "Ah, não. Eu vou perder ou sou justo?" Isso, quem já estava falando era a justiça, acompanhada do amor. Aí, eu: "Ah, então, está bom. Então, vou ser justo." De início, assim, meio... Mas, depois, eu me sentia bem com aquilo. E, quando não era justo, eu me sentia mal com aquilo, porque eu sabia que quanto mais justo eu procurava ser nas minhas ações, mais eu estava de acordo com aquilo que a essência me falava, a essência amorosa. Depois, quando eu ia me relacionar afetivamente.
Para quem mesmo já é adulto ou adolescente, que está iniciando o lado afetivo, uma coisa: uma pessoa se aproxima, gostando de você ou te amando, apaixonada, e você não sente muita coisa pela pessoa. Mas você está sozinho, não tem nada melhor para fazer. Aí, você deixa a coisa acontecer. Só que você está brincando com o sentimento daquela pessoa. Nem sempre você está deixando bem claro para ela o seu sentimento ou aquilo que você não sente. Outras vezes, você deixa, mas a pessoa "não, tudo bem", aceita. Mas você vai fazer sofrer com isso. Você pode não sofrer, mas ela vai. E não tem amor nisso.
Amor justo, não tem. E, aí: "Poxa, e agora? Nem namorar eu posso mais?" Eu fiquei, digamos, meio contrariado com o meu Cristo interno, quando ele começou a desabrochar em mim. "Poxa, agora, pronto. O que vou fazer?" Aí, ele foi me educando, me educando em diversas coisas. E eu falei com ele: "Poxa, agora, não tenho mais nada para fazer. Se eu for assistir televisão, você diz que esse programa não é bom para mim, porque só está incentivando o lado inferior, o lado de desrespeito às leis da vida, a violência, a agressividade, tudo que é ruim. Então, a que vou assistir, não tem nada de bom na TV?
Então, não é fácil você desenvolver o Cristo interno, despertá-lo em você, porque quer dizer o seguinte: você vai ter que abrir mão de coisas. Mas eu só consegui fazer isso também quando comecei a perguntar por outras coisas. Começou a me mostrar coisas maravilhosas. Mostrar as sensações de existir com maior plenitude, de viver com maior plenitude. Outra coisa: um belo dia, eu acordei, depois de ter feito vários meses de trabalho, muito disciplinado, 24 horas por dia, cada minuto de auto-vigilância e auto-educação, numa bela manhã, quando acordei, que tentei abrir os olhos: um clarão.
Um clarão, assim, que falei: "Mas, gente, o que está acontecendo?" Aquele clarão. Quando eu percebi, meu Cristo interno incorporou em mim. E quando ele incorporou em mim, tive um contato com uma essência. Maravilhoso! Eu me senti um com Deus, um com a essência. Não sei quanto tempo, exatamente, durou isso. Entrei num êxtase. Quando sai do êxtase, parecia que eu estava dopado. Então, estava assim... Eu estava aqui, mas não estava aqui. E numa paz. Eu não via as pessoas simplesmente como pessoas.
Eu as via como pedaços de mim, como extensões de mim. Eu falei: "Gente, mas aquela pessoa sou eu. Eu sou aquela pessoa." Eu nunca sonhei que isso era possível. Não pode eu ser vocês e vocês serem eu. Isso é inconcebível para nós. Mas, quando você sente o seu Cristo interno, em determinados momentos, você não consegue ver ninguém como sendo alguém estranho, como sendo o outro, a outra pessoa.
Você vê como sendo você. Aí, nossa, não precisa nem falar que não tinha ninguém que me tirasse do sério. Um dia, um marginal foi me assaltar. Eu fique, assim, tão... que ele ficou até pensando: "Mas esse sujeito está é bêbado, só pode." Eu morava num lugar muito hostil. E, aí, ele veio, mas perdeu a motivação e foi embora. Mas ele podia me assaltar, que eu não estava nem aí, ficava peladão na rua, sem nenhum problema. Por quê isso? Porque a gente fica... Naturalmente, não estou mais nesse estado. Esse estado é um estado transcendental que não consegui sustentar por muito tempo. Olha, haja disciplina. Eu ainda não tenho esse grau de disciplina.
Mas e a motivação? Aqui, na vida, querendo ou não, a gente só funciona com motivação. Se você não tem algo que tenha interesse em ir adiante, você não vai adiante. Fica empacado ali, igual a uma mula. Só naquilo que está mais conveniente. E, aí, felizmente, ao invés de eu conseguir ir até Deus, ele veio até mim. E, numa voz sem som, pela primeira vez ele falou comigo: "Eu sempre estive com você, falando com você, transmitindo a vida para você. Mas você nunca me ouvia. Agora que você me ouve e me atende, vou guiar seus passos, até que, um dia, sejamos um." Eu estou sonhando com esse dia em que sejamos um. Por enquanto, eu só fico ouvindo.
A menor parte, eu cumpro. A maior, ainda não consigo, porque é coisa demais. Deus, a essência do eu superior - aqui, o Sol, que representa acima de nós, mas também pode ficar em nós - tem, não diria uma rigidez, mas ele cumpre as leis absolutamente e fica irradiando a consciência das leis da vida para nós. A partir desse contato, eu ia trabalhar.
No trabalho, eu prestava serviços. A pessoa que me contratava para um serviço eu observava: "Ah, eu posso cobrar tanto, porque a pessoa parece que pode pagar. Então, vou cobrar mais." Aí, o eu superior dizia: "Não está sendo justo com a pessoa. Você tem que cobrar só aquilo que é justo." "Ah, não. Mas olha, ele parece que pode pagar..." "Não. A questão não é se ela pode pagar ou não. A questão é que o justo não é flexível.
Então, seja justo." "Ah, não. Eu vou perder ou sou justo?" Isso, quem já estava falando era a justiça, acompanhada do amor. Aí, eu: "Ah, então, está bom. Então, vou ser justo." De início, assim, meio... Mas, depois, eu me sentia bem com aquilo. E, quando não era justo, eu me sentia mal com aquilo, porque eu sabia que quanto mais justo eu procurava ser nas minhas ações, mais eu estava de acordo com aquilo que a essência me falava, a essência amorosa. Depois, quando eu ia me relacionar afetivamente.
Para quem mesmo já é adulto ou adolescente, que está iniciando o lado afetivo, uma coisa: uma pessoa se aproxima, gostando de você ou te amando, apaixonada, e você não sente muita coisa pela pessoa. Mas você está sozinho, não tem nada melhor para fazer. Aí, você deixa a coisa acontecer. Só que você está brincando com o sentimento daquela pessoa. Nem sempre você está deixando bem claro para ela o seu sentimento ou aquilo que você não sente. Outras vezes, você deixa, mas a pessoa "não, tudo bem", aceita. Mas você vai fazer sofrer com isso. Você pode não sofrer, mas ela vai. E não tem amor nisso.
Amor justo, não tem. E, aí: "Poxa, e agora? Nem namorar eu posso mais?" Eu fiquei, digamos, meio contrariado com o meu Cristo interno, quando ele começou a desabrochar em mim. "Poxa, agora, pronto. O que vou fazer?" Aí, ele foi me educando, me educando em diversas coisas. E eu falei com ele: "Poxa, agora, não tenho mais nada para fazer. Se eu for assistir televisão, você diz que esse programa não é bom para mim, porque só está incentivando o lado inferior, o lado de desrespeito às leis da vida, a violência, a agressividade, tudo que é ruim. Então, a que vou assistir, não tem nada de bom na TV?
Então, não é fácil você desenvolver o Cristo interno, despertá-lo em você, porque quer dizer o seguinte: você vai ter que abrir mão de coisas. Mas eu só consegui fazer isso também quando comecei a perguntar por outras coisas. Começou a me mostrar coisas maravilhosas. Mostrar as sensações de existir com maior plenitude, de viver com maior plenitude. Outra coisa: um belo dia, eu acordei, depois de ter feito vários meses de trabalho, muito disciplinado, 24 horas por dia, cada minuto de auto-vigilância e auto-educação, numa bela manhã, quando acordei, que tentei abrir os olhos: um clarão.
Um clarão, assim, que falei: "Mas, gente, o que está acontecendo?" Aquele clarão. Quando eu percebi, meu Cristo interno incorporou em mim. E quando ele incorporou em mim, tive um contato com uma essência. Maravilhoso! Eu me senti um com Deus, um com a essência. Não sei quanto tempo, exatamente, durou isso. Entrei num êxtase. Quando sai do êxtase, parecia que eu estava dopado. Então, estava assim... Eu estava aqui, mas não estava aqui. E numa paz. Eu não via as pessoas simplesmente como pessoas.
Eu as via como pedaços de mim, como extensões de mim. Eu falei: "Gente, mas aquela pessoa sou eu. Eu sou aquela pessoa." Eu nunca sonhei que isso era possível. Não pode eu ser vocês e vocês serem eu. Isso é inconcebível para nós. Mas, quando você sente o seu Cristo interno, em determinados momentos, você não consegue ver ninguém como sendo alguém estranho, como sendo o outro, a outra pessoa.
Você vê como sendo você. Aí, nossa, não precisa nem falar que não tinha ninguém que me tirasse do sério. Um dia, um marginal foi me assaltar. Eu fique, assim, tão... que ele ficou até pensando: "Mas esse sujeito está é bêbado, só pode." Eu morava num lugar muito hostil. E, aí, ele veio, mas perdeu a motivação e foi embora. Mas ele podia me assaltar, que eu não estava nem aí, ficava peladão na rua, sem nenhum problema. Por quê isso? Porque a gente fica... Naturalmente, não estou mais nesse estado. Esse estado é um estado transcendental que não consegui sustentar por muito tempo. Olha, haja disciplina. Eu ainda não tenho esse grau de disciplina.
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